sábado, 31 de dezembro de 2011

Trinta de dezembro

A estrela mais alta do céu escuro,
um vaga-lume de esperança a vigiar-me
tal qual um olho do tempo
que registra cada momento que deixo passar na contramão.
E seguir uma estrada é não trilhar uma rota
é transformar uma chance remota em certeza
deixar o caminho brilhar com as luzes acesas
do coração.

Vinte e nove de dezembro

A estrela mais alta do céu escuro,
um vaga-lume de esperança a vigiar-me
tal qual um olho do tempo
que registra cada momento que deixo passar na contramão.
E seguir uma estrada é não trilhar uma rota
é transformar uma chance remota em certeza
deixar o caminho brilhar com as luzes acesas
do coração.

Vinte e oito de dezembro

De repente, os repentes se escondem
se transformam num agora que corre dentro de mim
e não é de sangue, nem de água
é chuva doce na janela.


quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Vinte e sete de dezembro

A cor do dia estampou o sonho de quem dormia
e, ao acordar,
palavras dançavam no vai e vem do dia
na lua e no sol que surgia
dando um ao outro o seu lugar.
Avisto de perto um horizonte incandescente
que clama para eu ir em frente lhe encontrar
o futuro, que avisto sorridente,
deu-me de presente o prazer de recordar.

Vinte e seis de dezembro

No fim, restou-me apenas uma certeza
que brotava em mim como um botão de rosa:
- Amar rejuvenesce.

Vinte e cinco de dezembro

O meu amor se multiplica no berço da vida
o mundo balança e balança nós dois
e eu, aqui, do meu modo, meio sem jeito
dou o meu jeito de não deixar para depois.
Sinto que o tempo me faz mais jovem
dentro das horas eu vejo o quanto cresci
e o quanto deixei ruir.
Mas não me importa o cheiro que fica
a vida bonita se transfigura
a gente retrata do alto da nossa loucura
um mundo de cor e de luz.
E é assim que eu vejo o tempo
o tempero da vida que está para nascer
deixar para trás é ganhar e perder
e perder é ganhar mais de si.

Vinte e quatro de dezembro

Algumas certezas são poucas
meras incertezas perdidas
que não sabem muito da morte
e tampouco sabem da vida.
E há algo em que não se entende,
que não se sabe, mas se sente
dentro das noites e dos dias
Tu, menino luz,
ao nascer,
nos conduz,
estrela guia.

Vinte e três de dezembro

Anuncia, o céu, pela estrela mais bela
que a mãe de toda Terra carregava a paz consigo
e não tinha medo, apenas a inocente certeza
de que daria luz ao maior amigo.
E nascia dentro do mundo,
mas era coisa divina.
era fruto da força de uma mulher
e da bondade de uma menina.
E do Pai,
do filho
do ser que em nós habita
e que chamamos para uma eterna visita
particular.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Vinte e dois de dezembro

Não deixes morrer aquilo que teu corpo ainda abriga
aquilo que, à sua alma, ainda pertence
pois se já se desfez a noite
resplandecera o brilho do sol nascente.
E você verá - quão lindo é viver e deixar existir
porque muros foram feitos para ruir e reconstruir
sempre por nossas mãos.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Vinte e um de dezembro

Um chance,
um grito que ecoa no espaço, no caminho
que faz-me escorregar nas incertezas do que já não sinto
e se sinto, e se já não sei,
Palavras cortantes
perdidas no tempo, no instante
distante demais da minha concepção.
Destinos opostos, um balançar de ombros
retiro dos escombros
minha solidão.

Vinte de dezembro

Enquanto meus pés corriam pela areia fria
meus olhos repousavam nas asas do céu
que se batiam para um novo fim de dia.
Da janela, via-me nas nuvens mais distantes
suspirando a todo instante
pela vida.
E guardo-me,
resguardo-me
doando-me à mim.

Dezenove de dezembro

Vou te deixando ir aos poucos,
como um pássaro no fim do verão
que busca um caminho longe desta minha prisão
dos meus olhos em chama, da minha voz que te chama
do meu peito que clama perdão.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Dezoito de dezembro

Se me permite uma palavra
dou-te o silêncio
e se me queres bem, fujo de ti
Sou menina que tem medo de escuro
flor que brotou na beirada do muro
sem percebê-lo ruir.

Dezessete de dezembro

Tenho um sonho
e ele navega num barco lento à vela
riscando o horizonte de futuro
vejo-o zarpar dentro de mim.
E tenho uma meta
perder-me enquanto respiro
sou apenas o que é o destino
um passo em falso no ar.

Dezesseis de dezembro

Calei-me, embora gritasse
bati asas, embora deitasse no chão
mantive segredo, embora morresse de medo
que ouvisses o meu coração.

Quinze de dezembro

Queria uma resposta doce,
um carinho ameno
uma capa, um casulo para proteger-me do sereno
das noites frias em teu peito.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Quatorze de dezembro

Deixa a primavera ruir,
deixa ver o primeiro ganho,
a primeira gota de orvalho
se extinguir
doce dança do verão que vem.
Meu amor bate na porta, e meu peito parece não abrir
Ai daquele que não se ferir
a vida é dor.

Treze de dezembro

Enquanto te faltam palavras,
sobram-me lágrimas
- fiéis testemunhas do meu discurso silencioso.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Doze de dezembro

Rios doces de sonhos sonhados
enfim revelados num sono velado
tua boca retrai o que teu peito invoca
tua vida, remota, clama pela minha.
Não deixes que acabe o dia
sem sentir o toque do vento
sem olhar e lembrar o que lembro
o que só espero esquecer.
Não há vida em que a sua na minha esbarre
não quero mais um detalhe
de mero prazer.

Onze de dezembro

O porquê de todas as coisas mora em seus olhos
e eu me reviro, na esperança de encontrar-te em dias melhores.
- Sirvo o sol na bandeja ao nascer do dia
faço tua lua dormir em meu corpo.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Dez de dezembro

Acorda tarde, mal lembra o nome
dos lábios que ontem só quis beijar
entregou-se ao acaso de alguém
e não sabe quem
te cuidará.

Nove de dezembro

Na verdade, fico tonta só de pensar
que fui covarde, agora é tarde
para tentar.
Solidão, abraça e vem,
sem você sei ser alguém
me dê a mão, me diga "olá"
entregue a alma para eu guardar
dentro de mim.
Não sei aonde foi,
e se é que vai voltar
não vale nada a despedida
te amo hoje, estás de partida
para, em mim, se eternizar.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Oito de dezembro

Cantar é entoar a alma,
é dançar no espaço,
é ser e não ser o que não é.

Sete de dezembro

Vi meus sonhos a esbarrarem nos teus e não pedir licença.
Deste-me brecha para adentrar teu peito,
não tenha o desrespeito de me despejar.

Seis de dezembro

Tua vida é mera farsa
e tuas máscaras estão expostas para quem as quiser olhar
dói-te ser de verdade,
sentir o vento da tarde a te acarinhar.
Perdeu todo seu tempo à reclamar das flores
e a transitar pela gente e não reparar
Ah, o que seria de nós sem o perfume e toque
sem ter a quem amar?

Cinco de dezembro

Se desespera por lembrar
que teu esquecimento é pedra de gelo
que derrete-se, aos poucos,
no calor do tempo.
Escondeu centenas de lembranças embaixo do tapete
e teu amor, hoje, cheira à poeira
não há beijos na lareira, só teu passado de enfeite
a fitar meus olhos quando me deito
E, não por despeito,
nego-te até o fim.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Quatro de dezembro

Sinto o gosto do fim a recostar em minha boca,
a nuca fria, mãos trêmulas
os olhos dispersos já não vêem um palmo à frente
Tentei segurar-te pelas mãos,
te levei para dentro de mim
escondi-te dos meus medos
pus teu sono a olhar e velar.
Mas teus passos corriam depressa
não posso te segurar,
sei que já não me interessa
sair do lugar.

Três de dezembro

Teu comportamento oscila
tal qual o movimento das marés...
por que te martirizas, menina
por ser quem tu és?

domingo, 4 de dezembro de 2011

Dois de dezembro

Vou te contar,
os meus olhos sorriem
ao desembarcar nos lábios teus
que nenhum adeus pode fazer ruir
já não te verei partir
dos sonhos meus.

Primeiro de dezembro

Perdi um bocado de tempo contando meus passos
olhando retratos que finquei na parede
Com a luz acesa, não o vejo ao lado
só sinto um pedaço do que jamais foi...
O gosto amargo dá lugar ao insípido,
a esse nada sem fim que é a perda
um buraco escuro que jamais foi cavado
que não se sabe, ser raso, ou já não ter fim.
E lá se vai,
mais uma nota
mais uma folha em branco que eu ainda teimo em apagar
E lá se desmonta um quebra-cabeças
a ausência, às avessas
de reencontrar.

Trinta de novembro

Eu te daria mil vidas,
todos os meus séculos
a minha vã e eterna existência,
se tu me pedisses para ficar um minuto mais
junto da tua presença
e, quietos,
calados, os peitos disparam
com um flecha acesa
um amor sem represa
do tempo.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Vinte e nove de novembro

Como vou te lembrar,
se fizestes questão de apagar as palavras
que, ainda suaves,
cantavam dentro de mim a sua existência?
Qual o preço desta penitência
em te amar por quem tu não és
de te ver ao revés
de ser tua e não ser?
Meus olhos, perdidos vão pelo espaço,
do inteiro que fui, só restou-me um pedaço
chamado querer.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Vinte e oito de novembro

Vejo se pôr, o tempo,
que sereno e brando eleva suas mãos aos céus
num gesto fiel de despedida
de renascimento.
Embora eu não reconheça a dor das velhas feridas
ainda guardo a marca do que me invadiu
o sabor discreto que em mim habita
do amor que se perdeu, ruiu.
Nada mais nos importa nessa avenida
nessa estrada torta de desilusão
vejo teu nome a se apagar de minha vida
deixo um risco por cima da ingratidão.

Vinte e sete de novembro

O que será de mim quando sentir teu rio passar dentro de casa
levando embora as coisas as quais temi perder
e se já não sou teu alicerce, porque não procura esquecer?
O amor perdido é frio doce de inverno
e somos todos pagãos de um pecado eterno
de amar demais e, talvez,
jamais viver.