segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Vinte e oito de fevereiro


Eu me encontrava num ponto tão particular. Um epicentro. Havia tantas novas idéias armazenadas, uma realidade nova surgia como o sol pela manhã.
Sol pela manhã. Assim haveria de ser, eu sentia que vieste para descongelar meus verbos, minhas frases. Não há nada mais lindo e humano que aquecer.
Tenho medo de gostar demais do frio. Sabe quando se sabe que no fundo, bem no fundo, há um vácuo de razões, tão vasto, que a gente mal consegue olhar? No fundo de nós há sempre um precipício, e talvez eu esteja lá, deitada, olhando estrelas como sempre faço.
Eu tinha admiração demais, algo que chegava a se exaltar ao ver tão simples coisas, como se eu olhasse poesia em todos os lugares, como se Neruda tivesse escrito nos meus olhos o mundo lá fora... Eu também via sujeira, e era bela! Porque no fim de tudo eu sempre me deparava com os ciclos, e essa foi uma das melhores constatações que pude fazer. Ciclos.
Você nasce, floresce, evapora. Menina, flor, chuva. E você cresce, desabrocha, armazena-se em camadas. Menina, flor, chuva. Enfim, você morre, murcha e chove, menina, você sempre chove. Eu sentia isso, aos poucos, mas sentia. E não havia estágio intermediário, era algo bem mais complexo pensar em ciclos, pois era impossível prever aonde eles terminariam e qual seria a última gota de toda essa chuva. Vai dizer que isso também não o assusta?

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