quinta-feira, 10 de março de 2011

Nove de março

Olhos que se perdem das rotas,
Dos barcos, das mãos a balançar
Num adeus remoto e tranqüilo
Regado pelo vazio que há.

Do que um dia se uniu, fez-se brecha
Partitura de canção nenhuma,
Partido alto nessa roda de loucura
Que eu sambo só.

 Do nó no peito fez-se corda
Dessa viola que já não toca
Escandalizada ela continua muda
Ao ver tamanho desencontro.

O mestre-sala, pobre, fez-se tonto
A bandeira cobria o rosto dela sem parar
O mundo gira com a sua saia,
Mas ela já não tem quem a girar.

Entrelaçaram-se no tempo,
Viram as brechas dos sonhos virando as páginas no calendário
Ano após ano.

Eram dois esquecidos,
Lembrados nos versos dos sambas antigos
Afogados no mesmo oceano.

Nenhum comentário: