Olhos que se perdem das rotas,
Dos barcos, das mãos a balançar
Num adeus remoto e tranqüilo
Regado pelo vazio que há.
Do que um dia se uniu, fez-se brecha
Partitura de canção nenhuma,
Partido alto nessa roda de loucura
Que eu sambo só.
Do nó no peito fez-se corda
Dessa viola que já não toca
Escandalizada ela continua muda
Ao ver tamanho desencontro.
O mestre-sala, pobre, fez-se tonto
A bandeira cobria o rosto dela sem parar
O mundo gira com a sua saia,
Mas ela já não tem quem a girar.
Entrelaçaram-se no tempo,
Viram as brechas dos sonhos virando as páginas no calendário
Ano após ano.
Eram dois esquecidos,
Lembrados nos versos dos sambas antigos
Afogados no mesmo oceano.
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