terça-feira, 4 de outubro de 2011

Dois de outubro

Os anjos falam pouco e olham baixo
só sabem dizer os seus nomes
têm os pés sujos e descalços, a boca seca
procuram entre o asfalto a fuga das suas almas presas.
Vivem da poeira, do pó, do vasto do tempo
da fuligem, do que restou de nós
à sós no sereno, um sereno amigo e conselheiro
um papelão de cama e travesseiro
a solidão como lençóis.
E teu pão amassado, pelos pés do diabo,
saltitam feito maná aos seus olhos famintos
os teus corpos, benditas muralhas
intransponíveis cárceres de sonhos...
E os anjos vagam, pedem, morrem no tempo
no cinza da fumaça dos carros
nas sombras dos prédios
no frio do vento.

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