quarta-feira, 6 de abril de 2011

Cinco de abril

Mas que maldita pressa essa que me atrai, de ver o jogo virar como se fosse um dia nublado, como se fosse simples ver o passado deixado de lado, abençoando o futuro ainda dormindo no berço, ninado pelos olhos atentos do tempo.
Havia um plano infalível que eu arquitetava, sempre me senti pertencendo a estes momentos que eu decorava na mente, que eu observava sucintamente e registrava em palavras. É engraçado, mas a minha memória anda tão fraca.
Dia a dia esforço-me para conseguir ser esse algo que enxergam em mim, um reflexo perfeitamente moldado por olhos alheios que parecem saber mais sobre mim que eu mesma. Você anda tão pensativa, o que há? Por que essas pedras nas mãos? E tudo isso parece planar em mim como pipas no céu, como se eu pudesse a qualquer momento esbarrar com minha própria imagem, com aquilo que se reflete de mim. Auto reconhecimento é uma virtude ou uma dádiva? Na realidade eu sei responder a todas essas questões, e sei exatamente a cor que me pintam, sei dos meus passos, por onde ando esquecendo meus olhos, pelo que peço, sei que tropeço na pressa de ser eu mesma até o último gole. Andei colhendo sonhos verdes por não saber reconhecer que, embora estando na primavera, meu coração ainda era inverno. Aos poucos o sol vai saindo, há uma flor que brota novamente, já a conheço de outras estações. E o dia lá fora está tão lindo, você não vê? Que hoje o meu coração faz abrigo sobre as pipas que planam no céu.

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